segunda-feira, 7 de março de 2011

Saber envelhecer


Tudo começa com um simples cabelo branco, mas aos poucos, eles vão se tornando cada vez mais abundantes, as rugas insistem em aparecer, e a saúde já não é a mesma, com isso surge a necessidade de se aposentar. Logo, um amigo querido ou alguém da família falece, enfim a vida mudou, o tempo passou e nada mais é da mesma forma. Se você se identificou com isso, parabéns entrou na terceira idade, agora, se isso ainda não faz parte do seu contexto atual de vida, se prepare, pois querendo ou não, todos nós iremos envelhecer um dia, e passaremos por todo esse processo.
O idoso passou parte da sua vida desempenhando diversos papéis como filho, estudante, amigo, pai, profissional, além de inúmeros outros, e nessa fase encontra-se sem essas ocupações, gerando deste modo um sentimento de inutilidade, esquecendo-se de que envelhecer é a própria existência se constituindo. Enquanto envelhecemos, vamos sendo, vamos ENVELHE-SENDO e na medida em que somos, envelhecemos.
É muito comum encontramos nas falas de idosos expressões como, medo da morte, de ficar sozinho, de ser um peso para seus familiares, enfim, vivenciam o medo em suas vidas o tempo todo. Porém, esses medos precisam ser desmistificados, elaborados, para que desta forma possam enfrentá-los. 
Muitas vezes o idoso lança mão de mecanismos como a negação para lidar com a angústia, tentando adaptar-se à nova situação que lhe parece insuportável, outras vezes tem consciência de suas perdas, do seu conflito, da sua dor e vai restringindo seu campo psicológico e de ação, isolando-se, embalado por sua solidão, deixando de viver situações novas que poderiam ser prazerosas e construtivas. Desta forma, ele acaba se afastando dos contatos sociais, festas, reuniões, relacionamentos afetivos e sexuais, identificando-se com o seu suposto agressor, a velhice.
Saber usufruir de todos os momentos de lazer, a interação social e o desenvolvimento de hobbies e interesses diversos colaboram para que a mente mantenha-se ativa e saudável. Deste modo, para manter uma vida saudável na terceira idade, é necessário que o idoso dedique-se a atividades que lhe dêem prazer, como uma pintura, exercícios físicos, uma visita a um velho amigo, uma viajem, enfim, algo que lhe proporcione um bem-estar e lhe traga uma motivação para aproveitar essa nova fase.
Se já não possui a vitalidade da juventude, por outro lado tem o conhecimento adquirido através das experiências ao longo de toda uma vida. A partilha desses conhecimentos com as novas gerações proporciona ao idoso a possibilidade de manter-se  integrado à sociedade. Esta integração é de suma importância para o idoso, uma vez que um de seus maiores prazeres consiste em relatar fatos acontecidos em sua vida e perceber que as pessoas que o cercam dão-lhe a atenção devida.
Todos nós envelheceremos. Apenas aqueles que foram retirados prematuramente da vida não o farão. O medo de envelhecer está presente para todos, como a dor de existir. Mas podemos lidar melhor com ele, podemos aprender. Experimentando a serenidade interior com o que temos, a gratidão pelas coisas que nos cercam e nos propiciam alegria e bem-estar, valorizando as emoções positivas que são benéficas.
Viver implica em manter-se num processo de aprendizagem eterno, e como diz a minha avó: "Quando eu morrer, não terei aprendido nem metade do que eu gostaria de saber..."